Ivy Fernandes, de Roma
O Festival do Cirque de Demain, em sua 41ª edição, reuniu 150 artistas provenientes de 22 países e responsáveis por 20 espetáculos memoráveis, de 30/1 a 2/2, no Cirque Phénix, em Paris. Mas essa edição de 2020 vai ficar marcada por protesto ambiental, acidente no picadeiro e nudez de equilibrista.
Em 30 de janeiro, quinta-feira, durante a apresentação do número da barra russa do Trio Tribarre Flyers – trio canadense –, a equilibrista Corrine Trottier se desequilibrou e caiu. Ela foi levada ao hospital e está bem – felizmente o acidente não teve consequências mais sérias. Mas, a queda assustou o público de cerca de 2000 pessoas e os espetáculos que iriam se apresentar após o Trio Tribarre Flyers foram suspensos. Foi a primeira vez, em seus 41 anos de existência, que aconteceu um acidente no Festival de Cirque de Demain.

Um dia depois da queda, em 31 de janeiro, sexta-feira, a dupla Francesca Hyde & Laura Stokes faziam acrobacias aéreas, suspensas pelo cabelo, quando no final do número seus vestidos caíram e elas ficaram nuas. A equipe organizadora do festival – apesar de não esperar esse desfecho – não fez qualquer comentário. Mas no sábado elas usaram calcinhas no final do espetáculo. Os seios continuaram descobertos. Elas ganharam Medalha de Prata no festival.

Em 1 de fevereiro, sábado, o artista francês Erwan Tarlet começou seu número usando sapatilhas de balé, shorts e camiseta pretos. Depois de dar passos na ponta do pé, foi suspenso por cintas aéreas. Ele tirou a camiseta ficou pendurado no ar durante sete minutos: em seu peito estava escrito Demain (Amanhã?) e nas costas o ponto de interrogação. Com essa performance, ele deixou claro sua adesão ao protesto de Greta Thumbel (ambientalista) e o grito de socorro publicado em seu hashtag #actforclimat: “A humanidade pendurada. Mas não fazem nada para mudar…”

Apesar dos imprevistos, Alain Pacherie, diretor do festival, declarou ter ficado satisfeito com a edição 2020, que mais uma vez teve como mestre de cerimônias Calixte de Nigremmont.

O mestre de cerimônica afirmou que: “lido com o imprevisto no trabalho. Os festivais de circo são um contínuo ‘trilling’ e é preciso manter a calma e o equilíbrio. O festival de Demain reúne jovens do mundo inteiro, uma Babilônia de idiomas e a competição é acirrada. Mais: a movimentação técnica é intensa com mudanças de aparelhos, luzes, tapetes, trapézio e seus motores. E o tempo é determinante entre um número e outro. Uma vez precisei improvisar falas durante 15 minutos para distrair a plateia na troca entre números”.
Premiação
Aristocrata excêntrico, Calixte domina o palco/picadeiro com maestria. Admirado e respeitado pelos artistas, é também um personagem entre os novos personagens: vive sozinho em uma grande casa antiga, com dois gatos e 200 rosas, a sua segunda paixão depois do circo. ” Eu nasci em Lês Rosiers-sur-Loire (Maine-et-Loire). Era natural amar as rosas.”
O Grande Prêmio ficou com a Troupe Municipal de Guanzhou que impressionou com a arte solo do acrobata na corda bamba e que trouxe também música e dançarinos no palco/picadeiro.

A Medalha de Ouro foi para os trapezistas franceses Célien & Nicolas –que mostraram precisão técnica e sofisticada — e para 1.2.3 Marinich Foudantion, da dupla formada por um francês e um dinamarquês que apresentou truques acrobáticos e aéreos em um aparelho de balanço. O número misturou farinha de trigo, confetes e balde de água – humor e técnica o que fez com que eles também levassem o prêmio do público.


Destaque para Tom Lacoste, da França, que fez um número incrível de ‘diabolo’. Seus movimentos estavam sincronizados com o som de portas rangendo. Engraçado e inteligente. Ele ganhou Medalha de Prata.
A equilibrista Valeriia Danydenko, da Ucrânia, também ganhou Medalha de Prata por sua leveza e habilidade técnicas.


Benedikt Baumann, da Hungria, apresentou o número de aro. Seu estilo rítmico e extravagante funcionaram bem no picadeiro/palco. Benedikt ganhou Medalha de bronze.

O Luminous-J, um grupo de malabaristas se apresentou com todos os tipos de acessórios em LED: bolas, claves e diabolô e ganharam o Prêmio Especial.

Destaques para Starbugs, o trio suíço de comediantes que fez rir e surpreendeu com suas tiradas engraçadas.

O número mão a mão com as artistas de maio duas peças e toca de natação caíram no gosto do público que aplaudiu com entusiasmo.

Jovens de todo mundo
A 41ª edição, que teve a direção artística de Pascal Jacob, atraiu novos talentos de todas as partes do mundo: Alemanha, Brasil, Canadá, Colômbia, China, Etiópia, Estados Unidos, Espanha, França, Finlândia, Holanda, Itália, Japão, Mongólia, Porto Rico, Rússia, Suécia, Suíça, Ucrânia, Venezuela e Vietnã.
O Festival Mundial do Cirque de Demain (Circo do Amanhã) foi criado, em 1977, por Isabelle e Dominique Mouclair, e é a competição para jovens de maior prestígio na Europa.
O júri da 41ª edição foi formado, entre outros, por Pavel Kotov
diretor de casting do Cirque du Soleil; Cécile Provôt, diretora do Circus Next; Stéphane Simonin, presidente da Federação Europeia de Escolas de Circo e Yao Jianguo, diretor do Shandong Acrobatic Troupe.


Fotos da reportagem / Divulgação
Legenda Foto de capa – Público e palco/picadeiro na 41ª edição do Cirque de Demain / Foto Jona Harnischmacher
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