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Cena do Espetáculo Rudá / Foto Guilherme Maia

 

Espetáculo busca inspiração nos tempos de criança

Fernanda Araujo, especial para Panis & Circus

Há quase 20 anos, Gustavo Lobo, jovem de Santos, chamou atenção ao conquistar o ouro em Moscou.  Recentemente, trocou a vida na trupe canadense Cirque du Soleil para voltar à cidade natal, para surfar, jogar futebol na praia e fundar a Companhia Rudá.  No trabalho de estreia do grupo, “Um Sonho Real”, o artista utiliza recursos de megaprodução do circo contemporâneo para exaltar a alegria da infância em uma pequena cidade.

 

Brincadeiras de criança em cena / Foto Guilherme Maia

 

“Um Sonho Real” transporta um bairro de Santos para dentro do teatro, com um pouco das delícias da infância antiga, como pião, pipa, elástico, pega-pega, pé na bola e amarelinha. Um contraste das brincadeiras de antes com as brincadeiras de hoje. No palco, oito personagens relembram os tempos de criança e traduzem a alegria nostálgica em números de circo, como “Roda Cyr” e “Trampoline Wall”.

O espetáculo se apresenta em São Paulo, nos dias 3 e 4 de dezembro, às 21h, no Teatro do Shopping Frei Caneca.  De São Paulo, a cia. Rudá e seu sonho seguem para Curitiba e, em 11 de dezembro, o palco será o do Teatro Ópera de Arame. 

 

Vida de artista 

Gustavo Lobo, ex-integrante do Soleil, em cena / Foto Guilherme Maia

 

Gustavo Lobo faz questão de dizer que o grupo surgiu sem pressa, maturando os pilares de circo, dança e teatro. Também levou em conta os trâmites jurídicos mais burocráticos, como as questões referentes aos direitos autorais. Para o processo de formação criaram um centro de treinamento em Santos e outro no Rio de Janeiro. O artista se inspirou na família materna para dar o nome de companhia Rudá à trupe. A mãe, Yarian, tem nome de origem Tupi-guarani, assim como todos os tios. “Queria um nome bem nacional. Então pensei em Rudá, deus do amor na mitologia Tupi-guarani, que vive nas nuvens e desperta o amor no coração dos homens”, afirma.

 

Tecido com a precisão de gestos / Foto Guilherme Maia

 

Gustavo demonstrou cedo sua vocação para a arte. Aos seis anos de idade, caiu do muro no qual escalava, fez um corte profundo no freio da boca e estourou o queixo. “Me lembro que não podia tomar anestesia, então me amarraram para dar pontos. Nunca tive medo, mas desde bebê eu dava muito susto na minha mãe”, lembra o filho de um bombeiro com uma dona de casa que vendia salgadinhos para ajudar no sustento da casa. Os pais entenderam, então, que era hora de tomar uma providência: matricularam o garoto no Brasil Futebol Clube, em Santos.

 

Andar de bicicleta e recordar tempos de menino / Foto Guilherme Maia

 

A bicicleta e a moça de preto/ Foto Guilherme Maia

 

No clube vieram os treinos, as competições e as primeiras conquistas. Em 1998, nos Jogos Mundiais da Juventude, em Moscou, Gustavo foi um dos destaques da delegação brasileira formada por 156 atletas. Na capital russa, o jovem de 17 anos levou o ouro na categoria salto sobre cavalo. O feito foi tão relevante para a ginástica artística nacional que o então presidente da república, Fernando Henrique Cardoso, convidou os premiados a receberem mais uma medalha, agora de honra, na capital federal. Era o princípio das viagens em equipe, ao lado de nomes como Daniele Hypólito e Daiane dos Santos.   

 

Treinamento intensivo no Soleil 

Malabares em "Um Sonho Real" / Foto Guilherme Maia

 

Em 2001, quando já era ginasta do Flamengo, Gustavo fez uma audição para o Cirque du Soleil, passou, mas continuou no Brasil. A decisão de mudança ocorreu um ano depois, na Hungria, quando um olheiro convidou-o para participar da “General Formation” – curso anual de formação da tradicional companhia canadense.  

   

Acrobacia em frente ao 'casarão' antigo / Foto Guilherme Maia

 

Pirueta em frente a fachada do casarão / Foto Guilherme Maia

 

No Cirque du Soleil recebeu instrução polivalente intensiva. Treinou dança, voz, movimentos e números de circo. Durante um ano, a rotina era estudar ginástica artística pela manhã e acrobática à tarde. “Gostava de ‘jeu’ (jogo em francês) e clown, mas principalmente da improvisação com outros artistas, uma mistura de experimentos em que testávamos as emoções, tanto entre nós quanto na arte de provocar o público”, conta Gustavo. No Soleil, entre 2002 e 2013, integrou o elenco de espetáculos como “Corteo” e “La Nouba”. Foi convidado por Daniele Finzi Pasca (criador de “Corteo” e “La Verità”) a participar de uma nova criação, o “Nebbia”, de sua companhia suíça, Teatro Sunil, em co-produção com o Cirque Eloize, do Canadá. Depois de dois anos e meio viajando o mundo com o espetáculo, voltou para o Soleil, onde ficou por mais três anos no espetáculo “La Nouba”, dirigido por Franco Dragone.

Clique aqui para ler a reportagem sobre Daniele Finzi Pasca, criador de espetáculos circenses como “Corteo” e “La Verità”.

 

Roda Cyr com os artistas de "Um Sonho Real" / Foto Divulgação

 

 

Realidade ganha asas

Em 2011, Gustavo volta para o Brasil, mas continua participando de contratos curtos no Soleil. “Ganhava grana, mas não enchia os olhos ter dinheiro, comprar barco e carro do ano. Claro que os canadenses e americanos têm uma qualidade de vida melhor mas, no meu caso, ter a grana somente não era o que eu queria. Tinha saudade de casa, dos amigos, das tardes na praia, do futebol com o pai, do futevôlei, da canoa havaiana e das brincadeiras de stand-up. Queria aproveitar as coisas simples e fazer meus projetos”. E pouco a pouco trocou o salário de 14 mil dólares pelo desafio de fundar em Santos a Companhia Rudá e dirigir e criar  “Um Sonho Real”. 

 

Acrobacia na bicicleta/ Foto Guilherme Maia

 

Desde abril desse ano, a Companhia Rudá percorreu 15 cidades (Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Niterói, Salvador, Recife, Aracaju, Maceió, Campinas, Goiânia, Belém, Salto, Americana, Brasília, São José do Rio Preto e Florianópolis) e foi vista por mais de 20 mil pessoas.  

 

Artistas brincam com pipas em “Um Sonho Real”, da cia. Rudá / Foto Guilherme Maia

 

Ficha Técnica: “Um Sonho Real”

Criação e Direção:  Gustavo Lobo

Elenco: Erick Santos, Christa Nicole Wilson, Eder Cunha, Gustavo Lobo, Jessica Gardolin, Marcos Porto, Margaretha Nuijten, Willian Kreff  e Zeca Padilha

Cenografia: Mauriomar Cid, Marcos Porto e Andre Cajaiba

Figurino: Waldir Correia

Criação de luz: Andre Cajaiba

Realização: Companhia Rudá

Promoção: TV Globo

Patrocínio: Caixa Seguradora

 

Serviço

Local: Teatro Shopping Frei Caneca  – rua Frei Caneca, 569 – Consolação, São Paulo – SP

Datas: 3 e 4 de dezembro

Horário: quinta e sexta, às 21h 

Lotação: 600 lugares 

Informações: (11) 3472-2229 e (11) 3472-2230 (Atendimento somente nos horários de funcionamento da bilheteria) Vendas Online: Ingresso Rápido – https://www.ingressorapido.com.br/compras/?id=45470#!/ Preço: R$ 80,00 Inteira / R$ 40,00 Meia

Duração: 90 minutos

Classificação: Livre

 

 

Postagem – Alyne Albuquerque

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