Pular para conteúdo principal

Segunda-feira – 29 de outubro de 2018

Um dia depois das eleições presidenciais, a imprensa estrangeira noticia a subida de Bolsonaro ao Palácio do Planalto.  

New York Times, Süddeutsche, Le Monde e El País, entre outros, destacam ‘extrema direita no poder’, segundo a coluna de Nelson de Sá, na Folha de S.Paulo.

 

 

Folha de S.Paulo: TODA MÍDIA – Nelson de Sá

Por jornais de âmbito global como New York Times e os econômicos Wall Street Journal e Financial Times, a vitória de Jair Bolsonaro foi anunciada com destaque para a mudança “radical” que representa para o Brasil e a América Latina.

“Depois de escolher presidentes esquerdistas em quatro eleições consecutivas, os brasileiros optaram por um novo rumo radical para a maior nação da América Latina”, noticiou o NYT 3, que classificou o novo presidente de “extrema direita” em seu enunciado digital, sem porém dedicar a manchete.

Na notificação para smartphone, o jornal americano repisou que o Brasil entra agora para “as fileiras de países que se inclinam para a extrema direita”.

No concorrente Washington Post, que também tratou Bolsonaro como extrema direita e evitou dar manchete, sua eleição “marca a mudança mais dramática da América do Sul para a direita desde o fim das ditaduras militares da Guerra Fria”.

WSJ e FT, ambos também usando a expressão em seus enunciados e também negando manchete, sublinharam respectivamente que deve “mudar a maior nação da AL agudamente para a direita” e fazer “o primeiro governo de extrema direita no maior país da AL desde o fim da ditadura militar”. (O WSJ, depois, trocou “extrema direita” por “anti-establishment”.)

Na chamada —sem maior destaque online— do Süddeutsche Zeitung, o principal jornal alemão, “Ultradireitista Bolsonaro se torna o presidente do Brasil”.

Nas manchetes
Na mesma linha, mas dedicando a manchete digital, o espanhol El País afirmou: “Vitória de Bolsonaro leva a extrema direita ao poder no Brasil”. O francês Le Monde e o argentino Clarín, também eles usando a expressão, levaram às suas manchetes a promessa de Bolsonaro de “mudar o destino” do Brasil. (O Clarín, depois, trocou “extrema direita” por “direita”.)

O mais extremista
O NYT destacou análises de Scott Mainwaring, professor especializado em Brasil na Escola de Governo Kennedy, da Unive- risade Harvard: “Esta é uma mudança realmente radical. Não consigo pensar em um líder mais extremista na história das eleições democráticas na América Latina.”

Se…
Sobre Fernando Haddad, Mainwaring afirma que a campanha “se centrou muito em Lula e pouco no futuro do país”. E que “parte importante do eleitorado brasileiro teria votado no PT se ele tivesse feito uma risca na areia e renunciado à corrupção do passado”.

‘Fascista’
De Martin Wolf, venerando colunista do FT: “Bolsonaro me parece ser simplesmente um fascista. Não acredito nem por um momento que queira curar nenhum dos males do Brasil e tenho certeza de que irá piorá-lo. O Brasil pode ser substituído por uma ditadura brutal e corrupta. Isso é muito triste”.

‘Nazista’
O semanário satírico chileno The Clinic 2 , na nova edição, retrata a ascensão de Bolsonaro com uma imagem do Cristo Redentor fazendo a saudação nazista, em contraste com aquela da revista The Economist nos anos Lula, em que a estátua levantava voo.

Verde-e-amarelo
O Drudge Report 4, farol noticioso da direita americana, evitou a expressão em sua manchete, “Bolsonaro ganha o Brasil”, com as letras em verde-e-amarelo, mas linkou para o despacho da agência Reuters, cujo título abre também com “extrema direita”.

Espelho de Trump
O Washington Times 1, jornal conservador da capital americana, publicou artigo saudando “Uma vitória contra o socialismo no Brasil”, ressaltando que a agenda de Bolsonaro “espelha” aquela de Trump e que ele quer “relações melhores com os EUA”.

Valores
Revista dos conservadores mais tradicionais dos EUA, a American Interest publicou longo texto sobre Bolsonaro, que representa o “ressurgimento da direita”. Afirma que “no coração da questão está uma reação coletiva contra as mudanças sociais que estavam substituindo valores familiares tradicionais, aos quais os latino-americanos se vinculam, e impondo secularismo, globalismo e individualismo”.

Ameaça
O canal Al Jazeera 5, do Qatar, dedicou reportagem a discutir a ameaça representada por um governo Bolsonaro à imprensa, partindo da reportagem da Folha sobre o uso da plataforma WhatspApp por sua campanha. O canal lembrou que “o torturador homenageado” por ele, o coronel Brilhante Ustra, teve jornalistas entre as suas vítimas.

Whatsapp Lá
Entre outros, dedicaram longas reportagens ao impacto do WhatsApp na disseminação de notícias eleitorais falsas no Brasil o WSJ, o Guardian e a Vice —esta sublinhando que a plataforma tentou monitorar a eleição sem sair da Califórnia.

 

 

 


Veja Online reproduz charge de jornal holandês que ironiza eleição de Bolsonaro.

Ilustração do diário ‘de Volkskrant’ relaciona vitória do capitão com a ascensão da ideologia nazista no Brasil

 

Da Redação
O jornal holandês de Volkskrant publicou em sua edição desta segunda-feira (29) uma charge ironizando a eleição de JairBolsonaro. Na imagem, uma suástica nazista é representada nas cores da bandeira do Brasil e construída com os tradicionais chinelos Havaianas.

A charge faz referência às muitas críticas recebidas pelo capitão de seus oponentes, que o acusam de ser o rosto da extrema-direita no Brasil e que o ligaram à ideologia fascista durante a campanha eleitoral.

A ilustração foi assinada pelo cartunista Bas van der Schot e publicada no site e na edição impressa do de Volkskrant, um diário de Amsterdã considerado de centro-esquerda.
Bolsonaro (PSL) venceu neste domingo o segundo turno das eleições presidenciais com 55% dos votos, contra 44% de Fernando Haddad (PT).

Além do de Volkskrant, grandes veículos da imprensa estrangeira repercutiram a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais. Boa parte dos sites se dedicaram a publicar matérias explicando aos leitores detalhes sobre quem é Bolsonaro, desde sua formação militar, passando por suas declarações controversas. Também descrevem a polarização no Brasil, até sobre como o resultado das urnas reflete as insatisfações da população com o Partido dos Trabalhadores.

The Economist
A revista liberal The Economist, que chegou a publicar uma capa chamando Bolsonaro de ameaça, começa seu texto sobre a vitória com a sucinta frase: “Os brasileiros fizeram uma péssima escolha”.
O texto aponta que Bolsonaro é um “apoiador de ditadores e de armas, que incita a polícia a matar suspeitos, que ameaça banir oponentes e diminui as mulheres, os negros e os gays”. Em seguida, a revista explica como o PT colaborou para o crescimento do conservador PSL, com os escândalos de corrupção, o desejo de se manter no poder e a depressão econômica que a política de Dilma Rousseff provocou no país.

New York Times
O jornal The New York Times seguiu o caminho dos concorrentes, lembrando falas polêmicas de Bolsonaro e apontando para o crescimento do conservadorismo da extrema-direita no mundo. “Bolsonaro, que vai conduzir o maior país da América Latina, é o mais à direita entre todos os presidentes da região, onde recentemente os países elegeram líderes mais moderados. Ele engrossa o movimento da extrema-direita que tem crescido no mundo, juntamente com a Itália e a Hungria.”

The Guardian
O britânico The Guardian, que acompanhou a apuração dos votos em uma longa reportagem atualizada em tempo real, foi às ruas no Brasil retratar as celebrações dos eleitores de Bolsonaro. Após destacar diversas frases de entrevistados, como a de um estudante de fisioterapia de 40 anos, que disse ter agora o “presidente que sempre esperamos, que teme a Deus e é genuinamente de direita”, o jornal ressaltou ao fim que o triunfo de Bolsonaro deixou milhões de brasileiros progressistas “profundamente perturbados e com medo da intolerância que vai tomar o país”.

BBC
Muitos veículos também compararam Bolsonaro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A emissora britânica BBC lembrou que as declarações do futuro presidente brasileiro, consideradas racistas, homofóbicas e misóginas por muitos, têm um tom muito parecido com as declarações do presidente americano.


Folha de S.Paulo – 29/10/2018 – foto de bandeira com o nome de Ustra, o coronel que é considerado torturador e foi saudado por Bolsonaro e também por manifestantes na avenida Paulista.

 

 


 

 

 


Um dia antes, sábado, 27/10/2018, da votação para presidente do Brasil, segue trecho do El País.
“Há algo que o Brasil já perdeu. E vai custar muito para recuperar. Com Bolsonoro ou sem Bolsonaro, descobrimos que vivemos num país em que a maioria dos brasileiros acha possível votar num homem como Bolsonaro. Sem nenhum drama de consciência, compactuam com todo o ódio que ele produz, são cúmplices do desejo de exterminar aqueles que são diferentes, apreciam as ameaças e os arrotos de poder, exaltam a ignorância e a brutalidade.”

Deixe um comentários