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Salgueiro na concentração da Sapucaí - Lucas Landau/UOL
Salgueiro na concentração da Sapucaí
Imagem: Lucas Landau / UOL

Reprodução de reportagem do Uol

Terceira escola a desfilar no segundo dia do grupo especial do Carnaval carioca, o Acadêmicos do Salgueiro promoveu um verdadeiro espetáculo circense para homenagear Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil, que completaria 150 anos em 2020. A agremiação levantou a Sapucaí com o samba-enredo “O Rei Negro do Picadeiro”, que fez uma ode à resistência com versos como “aqui o negro não sai de cartaz; Se entregar, jamais”. O desfile fez questão de lembrar a importância dos negros para a cultura e e arte do país, com a presença de personalidades como Negra Li, MC Rebeca e Érika Januza, bem como dos atores Ailton Graça e Nando Cunha e o humorista Hélio de La Peña, que representaram Benjamin de Oliveira em alas diferentes.

Em um desfile que transcorreu sem problemas de evolução, a escola veio grandiosa, com alas coreografadas, fantasias luxuosas e alegorias coloridas e caprichadas que a colocam como uma das favoritas a um posto no desfile das campeãs, que acontece no sábado.

Inspiração Exaltando Benjamin de Oliveira, que também foi ator e compositor, o Salgueiro deu destaque à contribuição dos negros à cultura brasileira. O quinto e último carro, “Milhões de Benjamins”, lembrou o legado deixado pelo artista por meio das figuras que seguiram seus passos, como o eterno Mussum, dos “Trapalhões”

“Foi a figura que me inspirou a ser artista, então espero tê-lo reapresentado muito bem”, disse Ailton Graça ao UOL após o desfile. “É o primeiro palhaço e ele era negro. Foi o que acabou abrindo um leque de possibilidades muito grande para o nosso povo. Seguido, é claro, por Ruth de Souza, Grande Otelo”, continuou enumerando o ator.

Fantasias As fantasias do Salgueiro foram um show à parte. Além de detalhistas e bem construídas, elas também abusaram da criatividade, com ciganas lendo bolas de cristais que se acendiam no meio da avenida.

Rainha das rainhas À frente da “Furiosa”, como é conhecia a bateria do Salgueiro, Viviane Araújo mais uma vez provou por que tem o título de “rainha das rainhas”. Ela surgiu carismática e poderosa à frente dos ritmistas, com quem apresenta uma sinergia fora do comum, monopolizando as atenções na avenida. “O Rei Negro do Picadeiro” Compositores: Marcelo Motta, Fred Camacho, Guinga do Salgueiro, Getúlio Coelho, Ricardo Neves e Francisco Aquino Intérpretes: Emerson Dias e Quinho.

Na corda bamba da vida me criei

Mas qual o negro não sonhou com liberdade?

Tantas vezes perdido, me encontrei

Do meu trapézio saltei num voo pra felicidade

Quando num breque, mambembe moleque

Beijo o picadeiro da ilusão

Um novo norte, lançado à sorte

Na companhia do luar

Feito sambista

Alma de artista que vai onde o povo está

E vou estar com o peito repleto de amor

Eis a lição desse nobre palhaço

Quando cair, no talento, saber levantar

Fazer sorrir quando a tinta insiste em manchar

O rosto retinto exposto

Reflete no espelho

Na cara da gente um nariz vermelho

Num circo sem lona, sem rumo, sem par

Mas se todo show tem que continuar (bravo)

Bravo

Há esperança entre sinais e trampo

E a certeza que milhões de Benjamins

Estão no palco sob as luzes da ribalta

Salta, menino

A luta me fez majestade

Na pele, o tom da coragem

Pro que está por vir Sorrir é resistir

Olha nós aí de novo

Pra sambar no picadeiro

Arma o circo, chama o povo,

Salgueiro

Aqui o negro não sai de cartaz Se entregar, jamais

*Colaborou Igor Mello, no Rio.

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