Respeitável público! Que emoção em poder dizer que agora São Paulo possui um local permanente para a arte circense em suas variadas vertentes de linguagens! O espaço é O Mundo do Circo, localizado no Parque da Juventude, local do ex-presídio Carandiru. Um lugar que já foi cenário de dor e prisão agora está ressignificado pela arte circense e seu poder de encantamento, magia, senso de comunidade e paixão!
Lu Menin, especial para Panis & Circus
Um dos responsáveis pela existência do Mundo do Circo é Roberto Borovik, conhecido como Borô, convidado a fazer um estudo de viabilidade deste projeto no Parque da Juventude, e que nos conta como começou o projeto. “A demanda da classe circense por um espaço público, fixo na capital vem lá dos anos 20 como uma grande necessidade de espaço que não fosse periférico onde os circos pudessem fazer temporadas e terem um local de referência na grande capital.” E cada vez mais “era difícil de encontrar espaço na cidade, e os circos se viram obrigados a sair e encontrar lugar somente nas periferias e interior. A demanda chegou à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, por meio da empresária circense e proprietária do Circo Spacial, Marlene Querubim. E essa demanda foi repassada para os Amigos da Arte em 2019”, explica Borô.
O fato é que depois, em parceria com a empresa Eco Sapiens, começaram os estudos de impactos no Parque para que fosse aceito pela Secretaria de Meio Ambiente. Aprovado o projeto, a Secretaria de Cultura convidou Zé Carratú para desenhar a cenografia, e diga-se de passagem de muito bom gosto! A arquiteta Luana Gattoni, junto com o cenógrafo Zé Carratú, aceitou o desafio de projetar um circo dentro do antigo complexo presidiário do Carandirú, hoje ocupado pelo Parque da Juventude. “O programa inicial pedia um espaço para abrigar circos itinerantes, uma vila para artistas e equipe, uma lona para eventos, área de convívio e alimentação, além de infraestrutura básica de banheiros, iluminação e acessos. Tudo deveria ser feito para durar no mínimo 5 anos, porém, sem perder a característica efêmera do circo”, explica Luana. Por isso, a opção foi por “pisos desmontáveis e estruturas de fácil remoção. Para a cenografia, buscamos inspiração no circo tradicional brasileiro. Por exemplo, as cores da Grande Lona são inspiradas nas cores do Manto de Nossa Senhora Aparecida”. Foram quase “dois anos de trabalho e aproximadamente 40 dias de montagem” e que contou com o consultor Cesar Guimaraes e todo o seu saber sobre a arte circense, conclui Luana.
Após debates e conversas sobre como deveria ser o formato do Mundo do Circo a conclusão foi que havia a necessidade de serem confeccionadas três lonas que foram feitas. A saber:
Lona Exposição
Na exposição do Mundo do Circo o visitante se depara com um ambiente lúdico, com ar retrô, onde poderá conhecer um pouco mais das diversas modalidades que compõem a arte circense. A exposição traz elementos de circos antigos, como a foca que equilibra a bola no nariz. A maioria dos bonecos de madeira expostos têm mecanismo ligados a botão que o público aperta para movimentar os brinquedos. A exposição teve a curadoria, concepção e desenho de Hugo Possolo, dos Parlapatões, cenografia de Zé Carratu e Luana Gattoni e bonecos e adereços de Karina e Marcos Diglio, do palhaAssada Ateliê.
Grande Lona
A Grande Lona é destinada a temporadas, shows, mostras, e outras atividades.
Lona Multiuso – É o espaço destinado a receber apresentações menores e também para ensaios, oficinas, encontros de companhias, grupos, duplas e artistas individuais diversos.
Além das lonas o espaço conta com Picadeiro a Céu Aberto, dedicado a espetáculos e números de rua e a Vila dos Artistas que receberá caravanas circenses itinerantes nas temporadas na Grande Lona.
Deixo aqui meu ponto de vista como artista circense da cena brasileira e paulistana. O poder do encontro e das ações como a do Mundo do Circo precisa ser destacado por acolher a necessidade visceral de arte e cultura feita para viver. O circo, uma arte onde o espaço é criado assim como o espetáculo, nos faz sentir a vida no instante, no aqui e agora, no poder de realização genuíno e pulsante! O que esperamos como classe artística circense é que realmente se concretize a vida ativa do local e que contemple todas as formas de arte circense.
*Lu Menin é artista circense, do Circo Zanni e cia. Barnabô, e atualmente se apresenta no Mundo do Circo
A programação é gratuita do Mundo do Circo – realização da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo com gestão e produção da Amigos da Arte – e se estende até dia 30 de dezembro e pode ser vista na página https://mundodocircosp.com.br
Legenda Foto de Capa – Fachada do Mundo do Circo na zona norte de São Paulo/Divulgação