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“Esse cara sou eu”, diz ele, aplaudido e ao som de “Picolino!” “Lindo!” “É o Rei”

Bell Bacampos

“Maravilhoso! Não podia ser melhor.” As afirmativas são do seu Rogê, ou melhor do artista circense Roger Avanzi, 91 anos, mais conhecido como Palhaço Picolino, para definir o desfile da Escola de Samba Unidos de Vila Maria, às 2h30 da madrugada de domingo 2/3, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Ele desfilou no topo de um carro alegórico, que era a sua cara: a do Picolino. A língua do palhaço tinha o formato de um escorregador, que foi usado pelas crianças da escola durante o desfile.

 

Carro alegórico é a cara do Picolino / Foto Asa Campo

 

Picolino estava ao lado de Verônica Tamaoki, diretora do Centro de Memória do Circo; os dois são autores do livro “Circo Nerino”.

“Em meu delírio carnavalesco”, imaginei a chegada de “uma aglomeração de palhaços”, diz o carnavalesco e artista plástico, Lucas Pinto, da Unidos de Vila Maria, ao Panis & Circus.

E a imaginação se tornou realidade na avenida.

 

Palhaços e palhaças durante o desfile / Foto Asa Campos

 

Picolino veio acompanhado por mais de 80 palhaços que fizeram a festa. Entre eles, Marcelo Lujan, do Circo Zanni e Amarillo, Lu Lopes (a Palhaça Rubra), Paola Musatti (ex-Doutores da Alegria), Palhaça Picolé (que fez par com Picolino) e o terapeuta do riso, o Palhaço Varetta.

Foram muito bem-recebidos pelo público.

 

Marcelo Lujan (Zanni e Amarillo), Paola Musatti e Lu Lopes (Palhaça Rubra) / Foto Asa Campos

 

Marcelo Lujan, do Circo Zanni e Amarillo, e seu palhaço "non sense" / Foto Asa Campos

 

Paola Musatti abre os braços para saudar Picolino / Foto Asa Campos

 

Palhaça Rubra no meio dos palhaços / Foto Asa Campos

 

Palhaço Varetta e Marcelo Lujan / Foto Asa Campos

 

“Seu Rogê se empolgou tanto com o desfile que, em dado momento, abriu os braços, soltou as mãos e cumprimentou a todos com seu chapéu. Eu fiquei um tantinho preocupada e aos poucos consegui que ele voltasse a se segurar nas barras”, afirma Verônica Tamaoki.

Picolino tinha uma cadeira para ficar sentado no carro alegórico “mas qual o quê, não ficou lá nem cinco minutos”, complementa.

 

Picolino larga as mãos da barra e cumprimenta o público / Foto Asa Campos

 

Picolino e Verônica Tamaoki em cima do carro alegórico / Foto Asa Campos

 

Unidos de Vila Maria é campeã

Comissão de Frente da Unidos de Vila Maria / Foto Asa Campos

 

A Escola de Samba Unidos de Vila Maria levou para a avenida 2.100 integrantes, em 29 alas, que cantaram em samba-enredo* os 60 anos da agremiação (10/1/1954) e a volta, como num túnel do tempo, de brincadeiras de crianças em que o palhaço tem espaço garantido. Sobretudo um deles: Picolino, com seus 60 anos de graça. (Roger Avanzi estreou como Palhaço Picolino, em 16 de outubro de 1954, na Bahia, durante apresentação do Circo Nerino).

 

Verônica, Picolino e Marcos Cebola, diretor da escola / Foto Asa Campos

 

“No começo, seu Rogê estava relutante a participar do desfile. Mas são 60 anos da Unidos de Vila Maria e 60 anos de carreira do palhaço. Resolvemos unir os dois aniversários. Quando o seu Rogê viu a alegoria do carro que presta homenagem a seu personagem, o Palhaço Picolino, ele chorou. Fizemos um belo desfile,” afirma Marcos Cebola (Cebola é apelido), diretor da escola.    

E deu certo. A escola foi campeã no Grupo de Acesso e subiu para o Grupo Especial. Marcos Cebola comemorou a vitória e posou para fotos ao lado da taça. No ensaio da Unidos de Vila Maria, em 21/2, seu Rogê já tinha preconizado o resultado: “Nós vamos vencer”.

E eles venceram.   

 “Esse cara sou eu”

Picolino no meio das palhaças / Foto Asa Campos

 

Os palhaços e palhaças, que desfilaram atrás do carro alegórico do Picolino, gritavam: “Picolino! Lindo! É o rei!.”

Picolino abriu uma bandeira branca em que se podia ler: “Obrigado”.

E seu Rogê assegura brincando: “Esse cara sou seu” à reportagem do Panis & Circus.

 

Picolino mostra o cartaz com “Obrigado” / Foto Asa Campos

 

A maquiadora Karolina Milhare, que maquiou o Picolino para o desfile, ficou feliz ao vê-lo no desfile da escola de samba e não escondeu as lágrimas. “São tantas emoções, provocadas por esse cara”, brinca o Palhaço Varetta. 

 

Palhaça Rubra e a Palhaça Picolé / Foto Asa Campos

 

A palhaça Picolé, que estava no blocão dos palhaços, atrás do carro alegórico, contou que trabalhou com o Picolino de 1998/1999 e o considera um mestre do riso. “Era uma época, em que o parceiro de Picolino, o Pinguim já estava doente”.  No livro “Circo Nerino”, seu Rogê descreve o Pinguim como “uma pessoa excepcional não só fisicamente. Todos diziam que não era revoltado como outros anões. Os outros anões, diga-se de passagem, resumiam-se ao anão Zezinho. O que é compreensível: as crianças assediam demais os anões. E o Zezinho, bravo como era, mandava pedras. Depois os pais das crianças apedrejadas vinham reclamar com a gente.”  

 

Escolas de Samba voltam à avenida na sexta-feira  

Na sexta-feira 7, as sete escolas retornaram ao Sambódromo para o desfile das campeãs. A Unidos de Vila Maria, a campeã do Grupo de Acesso,  foi a primeira escola a entrar na avenida, seguida pela Mancha Verde, que ficou em segundo lugar. As duas passaram para o Grupo Especial.

O desfile começou às 22 horas.

As cinco melhores colocadas no Grupo Especial, em 2014, foram: Dragões da Real (5º), Acadêmicos do Tucuruvi (4º), Águia de Ouro (3º), Rosas de Ouro(2º) e a Mocidade Alegre, tricampeã. E elas desfilaram nessa ordem na avenida.

Os ingressos para o desfile das campeãs foram vendidos somente nas bilheterias do Anhembi, em dinheiro ou cartão de débito. As entradas custavam a partir de R$ 70.     

 

Palhaço Picolino / Foto Asa Campos

 

Ala da escola com fantasias que imitam "amarelinha" / Foto Asa Campos

 

* Letra do samba Unidos de Vila Maria – Carnaval de 2014

Nos meus 60 anos de alegria,

Sou Vila Maria e faço a festa, resgatando

Do passado brinquedos e brincadeiras de criança

Faço a festa com meu povo, na passarela

Mais famosa vai passar, traz o bolo, acende a vela

Na roda da vida, vou dar a volta por cima

Tem que ter paixão, para ser da Vila

No meu Pavilhão, o aperto de mão

É a força que conduz nossa família

É preciso abrir seu coração

Pra viver um mundo de emoção

No tempo voltar, brincar e ser feliz, o sete pintar.

Gargalhar ao ver o Palhaço, a encantar

No sopro do vento, a pipa voar

Meu Deus, como era bom

Se falar por uma lata e rodar pião na mão.

Tirei 2 ou 1 para a gente brincar, vem ver

Vai rolar o pique tá, tá com você

No pique esconde quero te encontrar

Jogo o ioiô, bamboleia iaiaiá.

Que felicidade, não importa sua idade

Vem para roda que vai ter ciranda

Pra chegar ao céu, eu vou pular amarelinha.

Cantem parabéns, a festa é minha

60 anos hoje vou comemorar.

Ao som das cantigas, cheguei para buscar

A peça que falta para me completar, estátua,

Desperte essa criança adormecida

Viva o melhor da vida,

Deixe a alegria te levar

 

 

 

Postagem: Alyne Albuquerque

 

 

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