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Espetáculo “Nord/Sud” reúne música, teatro de marionetes africanos, instalações e circo europeu

“Buren-Cirque” é  o encontro  das artes  plásticas com as artes circenses dentro de  um espaço público. Esse novo  modelo de circo  apresenta, no geral, três picadeiros onde se  misturam músicos, trapezistas, cantores e artistas plásticos. Criado por  Daniel Buren, em conjunto com Dan e Fabien Demuynck, o Buren-Cirque voltará a Roma no início de 2013, após temporada de sucesso com o espetáculo “Nord/Sud” no “Chapiteau” [os franceses chamam de “Chapiteau” a estrutura do circo montada] durante o Festival do Circo Contemporâneo, que ocorreu de 14 a 22 de abril deste ano.

É difícil imaginar um encontro mais curioso e fascinante do que o ocorrido entre Dan Demuynck, diretor artístico e artífice de um circo contemporâneo que mistura artes com a música e a cultura africana, e Daniel Buren, artista plástico, escultor, pintor e cenógrafo. Fabien, filho de Dan, é acrobata há 11 anos.

A instalação que circunda o espetáculo “Nord/Sud”, o telão de lona vermelha listrado do “Chapiteau”, com  bandeiras coloridas, estandartes e  guarda-chuvas  suspensos no ar, e o uso contínuo  de paredes em faixas verticais constituem a bandeira da arte de Daniel Buren.

 

Dentro  do  “Chapiteau”, o espectador escolhe entre vários tipos de arte, desde a de trapezistas, contorcionistas, ginastas, cantores e músicos até a série de instalações que usam água, fumaça e outros efeitos especiais.

 

Véus transparentes que dividem os diversos espetáculos no Cirque-Buren

 

Daniel Buren, em entrevista ao Panis & Circus, destaca: “Minha paixão pelo mundo do circo nasceu quando eu era criança e morava em uma casa perto do Circo Medrano. Eu sentia uma forte atração pelo que se passava sob a lona vermelha. Recordo a alegria das outras crianças como eu, que se preparavam para assistir ao espetáculo dos acrobatas, dos palhaços e dos animais. Desse  mundo   fantástico e um tanto imaginário de minha infância nasceu a paixão pelo circo e pelos vários tipos de espetáculo  popular, em que tudo é invenção e poesia”.

Artista plástico reconhecido, Buren procurou soluções ousadas para os espetáculos de  circo. Uma visão de 360 graus, típica da arte circense, levou o artista a criar espaços diversos, de onde se observam todos os lados, e de artes diferentes: um véu transparente (como filó) serve de divisão entre os vários espetáculos apresentados, sem que um interfira no outro.

O local escolhido na primavera (abril) de 2012 para a montagem do “Chapiteau” foram as margens do Rio Tevere, que circunda Roma e fica próximo à moderna Ponte da Música, recém-construída, que une o Estádio de Futebol Olímpico ao bairro Flamínio.

Parte do espetáculo “Nord/Sud” acontecia ao ar livre, como a apresentação do equilibrista Didier Pasquette. Mas a programação foi prejudicada pela chuva e pelo frio.

 

Entrecruzamentos no projeto “E Qui Líbrio”, no espetáculo “Djama” e no circo Jules Verne

 

O castelo do Cirque Jules Verne

 

O encontro de Daniel Buren com a família Demuynck ocorreu em 2001, quando Dan Demuynck realizava o projeto “Et Qui Libre, que marca o encontro entre dez artistas plásticos e dez artistas de circo.

Desse encontro nasce o Buren-Cirque e, em 2006, o empreendimento apresentou o espetáculo “Djama”, com participação de circenses franceses e artistas africanos nas áreas de dança, literatura (contistas), teatro de marionetes e música.

“Djama” alcançou notoriedade e foi apresentado em várias capitais europeias e cidades africanas.

Hoje, esse espetáculo, da Companhia Etokan, de Dan Demuynck, mistura artistas de circo da Europa e da África e faz apresentações com estruturas criadas especialmente por Daniel Buren.

No início, a instalação de Buren foi criada para funcionar a céu aberto na África, onde o Buren-Cirque, com seu “Chapiteau”, apresentou-se diversas vezes, especialmente na África francesa, no Senegal, em Costa d’Avorio, no Marrocos, em Benin e Burquina Faso.

O espetáculo “Djama” foi adaptado para ambiente fechado para o circo Jules Verne, na cidade de Amiens.

 

Preparaçao de um espetáculo no circo de Amiens, cidade de 137.000 habitantes ao extremo norte da França

 

O circo Jules Vernes foi construído com madeira em 1874. Dez anos mais tarde, a construção passou a ser de tijolos. O circo Jules Vernes é reconhecido também por seus espetáculos de alta qualidade. Para vê-lo, é necessário reservar lugares com antecedência.

 

Mostra “Monumenta com Daniel Buren no Grand Palais

Estrutura de vidro do Grand Palais, onde uma verdadeira festa de cores e luzes encantam

Daniel Buren inaugurou a mostra “Monumenta”, que terminou no final de junho, no Grand Palais, um dos maiores centros de exposição de Paris – com 13.500 metros por 35 metros de altura. Construído em 1900, ostenta uma combinação do estilo neoclássico com o “art nouveau”.

O Grand Palais, imensa estrutura de ferro e vidro, está localizado em Champs Elysées, em uma grande avenida que liga a Place de la Concorde ao Arco di Trionfo, em Paris.

 

(Ivy Fernandes,  de  Roma – g15680@globomail.com)

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