Da Redação
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A companhia Artinerant´s, formada pelos artistas Maíra Campos e Nié Pedro, integrantes também do Circo Zanni, apresenta nessa sexta, 4/6, o espetáculo Balbúrdia.
Em Balbúrdia, por meio da arte circense aparecem no palco-picadeiro as relações de um casal, que inventa e reinventa suas narrativas. O espetáculo expressa situações de ternura e tensão. Em uma das cenas, o homem usa uma esmerilhadeira que produz barulho e faíscas enquanto a mulher desce por cordas ao som de música clássica – quase operística. Contraste e confronto. Ao descer das cordas de ponta cabeça ela consegue encontrar o ombro amigo do companheiro de travessia da vida. Em outra cena, a mulher, mais irônica, faz pirraça e fica com a ‘macaca’ diante das peripécias do companheiro. Ele monta um castelo de madeira de equilíbrio tênue que pode desmoronar a qualquer momento, assim como o amor
Para ver Balbúrdia no Youtube acesse: https://www.youtube.com/channel/UCyg_cfCbDO0eFDdehmitMtg).
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Balbúrdia faz parte da trilogia da Artinerant´s que incluem Vizinhos e Cachimônia, foi dirigido com maestria por Lu Lopes, a Palhaça Rubra.
Os três espetáculos – que fazem parte da Mostra de Repertório da Artinerant´s – foram gravados em março, sem a presença de público, sob a lona do Circo Zanni, instalada no quilômetro 26 da Rodovia Raposa Tavares.
A formatação adotada para exibir esta Mostra do Repertório de Artinerant’s é resultado de adaptação de um projeto aprovado no ProAC Expresso da Lei Aldir Blanc, que iria realizar circulação documentada dos espetáculos em cidades do interior de São Paulo. Por causa pandemia, as apresentações presenciais foram suspensas. Foi então que o grupo optou por gravar os espetáculos para levá-los ao público por meio do YouTube.
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Serviço:
Transmissões de espetáculos do repertório
Local: Canal do YouTube:
https://www.youtube.com/channel/UCyg_cfCbDO0eFDdehmitMtg
Espetáculo Balbúrdia, dia 4 de junho, às 20 horas
Vizinhos
Duração
50 minutos
Ficha técnica
Direção: Lu Lopes
Criação e elenco: Nié (Daniel Pedro) e Maíra Campos
Figurino: Artinerant’s
Cenografia: Flavia Mielnik
Trilha Sonora: Artinerant’s e Lu Lopes
Desenho de luz: Paulo Souza
Cenotécnica e contrarregragem: Edimar Santos
Produção: Eu.Circ (Marina Ferreira)
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Confira os comentários a respeito de Balbúrdia
Balbúrdia: ‘Dupla atinge alto grau de beleza ‘
Por Beth Néspoli*
“Balbúrdia principia contrariando frontalmente o significado de bagunça embutido no título. Maíra (Campos) e Daniel (Pedro) se revelam exímios acrobatas executando evoluções não apenas com altíssimo grau de destreza e precisão, mas também com a leveza e graça. A resultante da articulação entre aparelhos, figurinos, movimentação e expressividade corporal da dupla atinge aquele grau de beleza capaz de provocar enlevo nas plateias.
… em lugar daquele rufar de tambores que valoriza o feito acrobático, é como se a dupla compartilhasse com o público momentos de treinamento e de brincadeira. Tal atmosfera, apenas sugerida inicialmente, vai aos poucos se delineando com traços mais fortes, e ganha o campo do humor explícito na reta final da apresentação, quando Daniel faz um trabalho de solda enquanto Maíra realiza uma sofisticada e arriscada evolução na corda, lançando faíscas sobre ela. O troco virá no número final, aquele que justifica o título, quando ela, com máscara e gestos desajeitados, irá literalmente destruir o trabalho do partner.”
* Trechos do texto de Beth Néspoli, editora, jornalista e crítica, sobre Balbúrdia, no blog Circos do Sesc.
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Balbúrdia: comicidade ao máximo com macaca e castelo de cartas
Por Beth Antunes*
O espetáculo desta noite é Balbúrdia, criado em 2017 pela dupla Maíra Campos e Nié Pedro e dirigido por Lu Lopes. Por meio de jogos corporais expressivos, acrobacias de solo e aéreas, números de equilíbrio, dança e teatro físico, o que ressalta é o afeto entre dois companheiros que se reinventam a cada momento para manter a parceria funcionando.
Mas nem tudo é sintonia. O que não falta são choques e desencontros no relacionamento desse casal. Ao longo de todo o espetáculo, o pêndulo oscila entre polos opostos, ora o jogo é da colaboração — e os corpos se apoiam e se equilibram um no outro e rumam juntos para um desfecho comum —, ora a interação se dá na base do desafio, e homem e mulher se valem de subterfúgios distintos para confundir e despistar o parceiro.
Se ele agarra uma corda para subir, ela dorme; se, mais tarde, ela canta suspensa no ar por um tecido de cordas — e aqui é preciso fazer uma menção à beleza do cenário e da iluminação que sustentam a performance de Maíra Campos nas acrobacias aéreas —ele liga uma esmiralhadeira e em poucos segundos destrói o clima diáfano da mulher. Numa das sequências mais cômicas do espetáculo, ela surge com uma máscara de macaco enquanto ele equilibra pranchas de madeira no formato de um castelo de cartas. Investida do poder anárquico da macaca, ela se põe a correr, pular e atrapalhar o trabalho do homem.
Centrado em números de apoio e equilíbrio, Balbúrdia tem seu ponto alto nos números em que os artistas se unem numa mesma intenção, como numa engenhosa sequência em que Maíra Campos, caminhando no arame, encontra os pés de Nié Pedro, que deitado de pernas para o ar numa rede abaixo do fio, cria com ela um passo espelhado que ancora o caminhar da artista, desenhando uma metáfora e tanto para o equilíbrio muito tênue, mas firme, que sustenta as relações de amor mesmo em meio a tanta balbúrdia.
*Trechos do comentário de Beth Antunes – Editora autônoma e co-aturoa com João Bandeira de “De gatos e galáxias – Trajetória poética de Haroldo de Campos” , para o site Panis & Circus