Ivy Fernandes, de Roma
O Festival Lunathica comemorou a chegada à maioridade neste verão europeu, junho a agosto, ‘incendiando’ a região de Piemonte, próxima de Turim. O público pode ver 25 companhias, 17 espetáculos gratuitos, realizados em praças públicas, e cem artistas que se apresentaram em oito cidades.
“Começamos esta iniciativa em 2002, na pequena cidade de Mathi. Foi, desde o início, uma aventura artística, com ideias e muitas improvisações. Nestes 18 anos, nosso festival se tornou internacional e grupos de vários países mostraram interesse em participar. Posso afirmar agora que conseguimos alcançar todos nossos objetivos”, afirmou ao Panis o fundador e diretor-artístico do Lunathica, Cristiano Falcomer.
O Lunathica, também conhecido como Festival Internacional de Arte na Estrada é o mais longo da Itália – fica em cartaz de 1º a 29 de junho. Sua proposta é a de juntar no mesmo programa circo contemporâneo, teatro de rua e improvisações musicais. Neste ano, o festival contou com a participação de artistas da Argentina, Canadá, Colômbia, Canadá, Espanha, França, Itália, Israel, México e Uruguai.

Destaque de público
A sensação do festival foi o Vaiven Circo, com o espetáculo Do not disturb!. A companhia espanhola, fundada pelo palhaço Miguel Angel Moreno, é conhecida por buscar novas formas de expressão artística por meio da fusão da linguagem circense com a dança e o teatro físico.
O espetáculo Do not disturb! mostra a ação de quatro operários, três homens e uma mulher, realizando um trabalho cansativo em uma fábrica e se revezando na produção, no repouso e na busca de distração e relaxamento. Quatro objetos muito grandes e estranhos, partes de um círculo de madeira, também entram em cena. Eles acabam por se compor em uma máquina de 2,5 metros de diâmetro, mas, antes, formam várias imagens, como a de um navio e de um cavalo, divertindo e entusiasmando a plateia.
Como nas edições anteriores do festival, a música foi um elemento de destaque. Na apresentação da La Belle Image 13 músicos participaram de um show com músicas cubanas. A companhia POC mostrou um espetáculo resultado da fusão de sons provenientes de vários instrumentos, como flauta e saxofone, com Body Percussion – arte de tocar instrumentos com o corpo.
Engrenagem gigante

Num palco muito original, na cidade de Nole, em um oásis naturalista composto por bosques, músicos, acrobatas e funâmbulos da famosa companhia francesa Cirque Rouages se apresentaram tendo como cenário uma engrenagem gigantesca com rodas e cabos de aço.
Boca aberta

O grupo francês Bilbobasso deixou o público de boca aberta. A fusão entre um frenético swing e jogos de fogo mostrou um grande contraste visual: um exemplo da essência da relação de um casal que vive entre a paixão e a explosão.
As praças de Piemonte foram animadas pela companhia Five Foot Fingers com o seu cabaré circense.

Não faltaram as apresentações de palhaços, que ‘dialogaram’ com o público sobre vários aspectos da sociedade moderna e de seus contrastes.

Com habilidade e sem hipocrisia, o show Magik Fabrik mostrou palhaços de ruas, aparentemente ingênuos, enfrentando autoridades prepotentes. Outro destaque foi o espetáculo Brunitos, da Companhia I’Hyppoferoce, que apresentou o diabo como protagonista e um cenário polvilhado por máscaras e bonecos. Nele o demônio representa a metáfora da vida. As gêmeas canadenses Kif-Kif Sisters também foram bem recebidas pelo público.

O Lunathica também se preocupa com a formação e sobrevivência de novos artistas. Seus organizadores criaram o Prêmio Gianni Damiano, com o objetivo de dar apoio econômico e artístico a projetos da nova geração de artistas de rua.
Trata-se de um verdadeiro concurso aberto a artistas italianos e estrangeiros. Os vencedores se apresentam no festival do ano seguinte ao do concurso. Neste ano se exibiram a trapezista Agostina Recinella, os malabaristas da Compagnie Little Garden, o palhaço Giacomino Pinolo, a dançarina acrobática Mariam Sallam, Filippo Brunetti, com seu teatro cômico, e o grupo acrobático Colectivo Diagonal.
